Considerando a difícil atualidade do mundo, precisamos refletir sobre o que é fundamental para as crianças neste momento.
Para que possamos conversar sobre o tema que sugerimos aqui, teremos de discutir sobre a relação escola e família.
Essa parceria sempre foi fundamental, mas neste assustador momento, precisamos nos dar as mãos.
Atualmente, os papéis se inverteram. A maneira como os bebês e as crianças aprendem, brincam, se relacionam com os outros e com o tempo, as coisas que elas criam, as novas palavras que aprendem, as músicas que ouvem, os programas que assistem na TV, etc, são orientados por mães, avós, pais, ou outros parentes. E a escola, por sua vez, contribui com as famílias oferecendo as propostas de ações que são importantes para as experiências dos meninos e meninas.
Para elaborar as propostas, as professoras precisam de criatividade para trabalhar de uma maneira nunca antes realizada na educação infantil, imaginando como as coisas acontecem nas casas das crianças e, por outro lado, as famílias precisam compreender como estas propostas podem ser desenvolvidas como recurso para aprendizagem. Nem sempre esse processo é fácil, porém, escola e família são responsáveis pelos processos das crianças e teremos de enfrentar nossos medos, nossas fraquezas, nossas dores e tudo o que nos aflige pelo benefício do bem-estar e desenvolvimento potente das crianças.
Para que as atividades que a escola oferece sejam um convite aceito pelas crianças é preciso que as famílias, assim como a escola, compreendam como crianças aprendem. É preciso ter clareza que as crianças têm direitos.
As crianças aprendem BRINCANDO. Isso não quer dizer que elas não tratem com seriedade uma conversa, uma discussão, um fato... Quer dizer que as experiências precisam de alegria para se tornarem aprendizagens. E como viver a alegria neste momento, não é mesmo?
As crianças entendem o sentimento de tristeza... Elas também sentem medo. Este momento é oportuno para conversarmos sobre os sentimentos mais latentes e provocar outras boas sensações.
Para garantir qualidade nesse período em que as crianças estão em casa, seguem algumas sugestões às famílias:
- Participe dos diálogos da escola. Procure compreender a importância das propostas oferecidas. Converse com as professoras, da maneira que for possível: Tire dúvidas, peça sugestões, conte como a criança está, etc;
- Ofereça objetos do cotidiano para que elas possam brincar de mundo, inventem brinquedos e brincadeiras. A criação é importante para desenvolver pensamentos;
- Convide-as para participarem de uma de suas tarefas diárias, escolha a que for mais divertida;
- Movimentem-se. As crianças aprendem relacionando-se com o seu próprio corpo, por isso elas correm, sobem as coisas, rolam pelo chão... A relação com o corpo provoca sensações que por suas vezes tornam-se experiências.
- Aproveite os momentos com as crianças e perceba como ela se desenvolve;
- Registre. Tire fotos destes momentos, escreva, conte para alguém o que sua criança fez e que você achou extraordinário. Divida isso tudo com a escola.
- Lembre-se do melhor da sua infância e conte à criança as grandes histórias do seu passado.
- Conecte-se com a criança que você já foi. Divirta-se também!
Para inspirar-se:
Para haver desenvolvimento de qualidade precisamos conversar sobre as relações que ocorrem entre os adultos que estão com as crianças e o ambiente da casa.
Os adultos de todo o mundo estão vivendo dias frustrantes e isso é justificável. As crianças estão vivendo tudo isso também, e nem sempre podemos poupá-las da dor e do sofrimento que o adulto sente. A questão é que muitas vezes a dor, a preocupação, os medos do adulto são expressados em atitudes adversas.
Existem atitudes de violência bem sutis – um determinado tom de voz, um apelido, um toque.... Precisamos entender o que é violência contra a criança e como ela afeta seu desenvolvimento.
Entenda os principais tipos de violência contra a criança:
Neste momento, é fundamental às crianças que os adultos responsáveis pelo seu desenvolvimento se unam para encontrar maneiras de garantir seu direito de ser.
Não dá para aprender sentindo-se só.
Não dá para aprender com medo.
Não dá para aprender sem alegria e fantasia.
Não dá pra aprender quando a vida é colocada em risco.
Ensinar sempre será uma tarefa difícil. Nosso desafio é seguir apoiando as descobertas e, principalmente, as boas experiências das crianças enquanto nossa fé é questionada.
Tudo ficará bem enquanto estivermos em casa, estivermos dialogando, acreditarmos na potência das crianças, enquanto as assegurarmos os fundamentais direitos de brincar e a viver.
Professora Viviane Nascimento
Desenho de Sarah Ferreira Badaró, 5 anos
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